SIS divulga relatório sobre manipulação de resultados no futebol
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Um estudo feito pela Starlizard Integrity Services (SIS) – divisão especializada em integridade da consultoria de apostas esportivas – mostrou que os números permaneceram iguais em relação aos últimos dois anos. Além disso, foi percebido que as principais ligas e jogos internacionais, em especial na Europa, estão mais ameaçados. Por isso, as autoridades necessitam dar uma resposta rápida e eficaz para combater a manipulação de resultados.

O advogado Udo Seckelmann, especialista em direito desportivo internacional, frisou que a manipulação de resultados é algo muito complexo. “Sem prejuízo, penso que existem formas de o esporte mitigar os riscos de manipulação. O primeiro deles seria a implementação de medidas preventivas, que seria basicamente a criação de programas de integridade e educação dos participantes dos eventos esportivos capazes de influenciar em resultados”, disse ao site Leia em Campo.

“A grande maioria de tais participantes desconhecem o que é permitido e proibido em relação ao seu envolvimento com apostas esportivas e quais seriam as consequências de tais condutas – tanto no âmbito disciplinar desportivo como na esfera criminal. Considerando que parte destes participantes serão, inevitavelmente, abordados por aliciadores que visam manipular resultados em algum momento da carreira, é essencial que estes estejam cientes dos regulamentos e legislações sobre o tema”, explicou.

Paulo Schmitt, advogado especializado em direito desportivo, presidente do Comitê de Integridade da Federação Paulista de Futebol (FPF) e do Comitê de Defesa do Jogo Limpo do COB, argumentou que as equipes necessitam trabalhar mais a pauta de integridade.

“O esporte tem que se proteger. As organizações esportivas têm que levar a sério o tema da integridade colocando em pauta nos seus programas internos e em três pilares: adequação de normas, educação e repressão. Partidas, provas ou equivalente devem ser monitoradas e os relatórios decorrentes desse controle precisam servir de base para formulação de denúncias em tribunais desportivos”, enfatizou.

Schmitt ainda destacou que ações educacionais devem ser contínuas e envolver todos os participantes dos eventos esportivos. “As atividades educacionais devem constar de uma agenda permanente; as primeiras informações sobre os temas relacionados a integridade como manipulações, fraudes, doping, abusos e assédios, preconceito devem partir do ‘lado do bem’. Precisamos chegar antes, senão serão os criminosos, aliciadores, manipuladores, assediadores é que cercam e dominam o cenário”, sugeriu.

Dados sobre manipulação de resultados no futebol

A SIS encontrou 84 jogos suspeitos de manipulação no mundo inteiro nos primeiros seis meses deste ano. A quantidade corresponde a 0,45% de um total de 18845 partidas de futebol avaliadas pelo grupo no período. A SIS descreve algum evento como ‘suspeito’ quando acha padrões de apostas anormais ligados a eles que possam ser indicativos de manipulação de resultados.

Desses 84 jogos, 26 (31%) deles ocorreram em torneios de alto nível, sendo 12 (14%) em confrontos internacionais e somente 5 em amistosos não competitivos. Conforme o chefe da SIS, Affy Sheikh, essas estatísticas mostram a necessidade de utilizar medidas para previr e minimizar essas irregularidades.

“Essas estatísticas fornecem uma visão da extensão da suspeita de manipulação de resultados no futebol e sublinham a necessidade de maior diligência no combate à ameaça sempre presente de manipulação de jogos no esporte. A taxa de suspeitas de manipulação de jogos no futebol no primeiro semestre deste ano é consistente com a dos dois anos anteriores”, afirmou.

Esses 84 jogos classificados como ‘suspeitos de manipulação’ se sucederam em 30 países distintos, sendo a maioria na Europa. Ao todo, 41 jogos (49%) foram realizados na região da UEFA e 21 (25%) na região da CAF (Confederação Asiática de Futebol).

“É profundamente preocupante ver competições domésticas de alto nível se destacando entre essas partidas suspeitas, o que talvez dissipe o equívoco comum de que a manipulação de partidas tende a ocorrer apenas nas ligas menores. Esses últimos dados servem como um lembrete de que um esforço comprometido e concertado precisa ser feito se quisermos causar um impacto tangível no problema da manipulação de resultados”, concluiu Sheikh.