A Vibra Gaming é uma desenvolvedora de jogos e fornecedora de plataformas com foco na América Latina. Com sede em Buenos Aires, Argentina, oferece conteúdos localizados para operadoras que estão lançando suas iniciativas online.
Também são um parceiro valioso para as operadoras globais que estão entrando na região, tendo navegado nos mercados europeus altamente regulamentados nos últimos 10 anos.
A iGaming Brazil conversou com Ramiro Atucha, Diretor Executivo da Vibra Gaming, na Argentina, com mais de 20 anos de experiência no ramo.
Confira a entrevista exclusiva.
iGaming Brazil – Tirando a última década, que evolução você viu em todos esses anos e como foi passar pela pandemia aqui na Argentina?
Ramiro Atucha – Ao longo destes anos, vejo que a indústria de jogos evoluiu, ou melhor, acho que foi direcionada, para dois caminhos principais. Por um lado, estamos vendo um grande crescimento do jogo no continente americano. Com isso me refiro não apenas ao consumo, mas também ao lugar preponderante que vários operadores do mundo vêm atribuindo à indústria na América Latina.
Por outro lado, estamos vivenciando uma estagnação do que tem a ver com a parte física. Isso ocorre principalmente devido à entrada de novas gerações no jogo, que trazem gostos próprios tanto pelo conteúdo quanto pelas formas de aproveitá-lo, enfatizando tudo o que está online em detrimento do físico.
Além de tudo isso, estamos vendo uma evolução no que diz respeito à regulação na América Latina. Isto permite aumentar a oferta, reduzir ou de certa forma limitar o jogo ilegal e permitir a cobrança por parte do Estado, de forma a ter mais recursos quando se trata de responder às necessidades dos cidadãos e poder garantir que o jogo problemático está a ser tratado e trabalhado.
Quanto à pandemia, acredito que forçou a aceleração do processo de regulação e a grande migração para o jogo online. As salas físicas poderiam ter liderado esse processo de crescimento dos jogos online há vários anos, mas, tendo limitado esse desenvolvimento, de repente se viram incapazes de operar confortavelmente e com a necessidade de finalmente apoiar e impulsionar os jogos online. Por isso, a migração para os canais digitais ocorreu rapidamente nos últimos dois anos. A partir de agora, será organizado, ordenado e os regulamentos encontrarão o seu caminho. Desta forma poderemos evoluir para um jogo omnichannel totalmente desenvolvido, para dar ao jogador uma experiência muito completa com uma grande oferta física e ao mesmo tempo online.
iGaming Brazil – Como foi participar da ICE este ano, você sentiu falta das feiras presenciais? Quais os benefícios que esse tipo de evento traz?
Ramiro Atucha – A verdade é que sentimos muita falta do cara a cara. Apesar de a pandemia mal ter começado, acreditávamos que a ligação por zoom seria muito eficaz, mais ágil e sem tantas complicações de viagem, a realidade é que é incomparável em relação ao que se avança no presencial. encontro de rosto.
Nesse sentido, estamos muito felizes em poder reencontrar todos. Para nós foi uma ICE muito especial, principalmente para mim que estou no setor há tantos anos e que nunca havia participado com um estande nesta feira. Realmente superou completamente nossas expectativas. No início tivemos algumas dúvidas sobre participar ou não, porque muitas das maiores e mais importantes empresas do ramo decidiram não participar, mas no final acabou sendo uma ótima experiência.
É sempre bom que esse tipo de empresa participe, pois traz muito tráfego e nos permite ver uma grande variedade de novos produtos. No entanto, como não estiveram presentes, o evento voltou-se mais para o online, houve uma maior preponderância de empresas de menor dimensão e com maior nível de empreendedorismo. Isso resultou em um evento diferente, nem melhor nem pior, mas super novel. Para nós foi uma feira muito movimentada, com muitas reuniões, negócios e andamentos.
iGaming Brazil – Vocês são uma plataforma e desenvolvedora de jogos online. Acha que com o fim da pandemia os jogadores vão voltar ao presencial em detrimento do online?
Ramiro Atucha – Não concordo com a criação dessa dicotomia de haver uma preponderância do jogo físico sobre o online ou vice-versa. Acho que ambas as modalidades são duas faces da mesma moeda que devem coexistir, para dar ao jogador uma oferta omnicanal e, por sua vez, alcançar uma base de jogadores maior.
Quem costuma ir aos terminais físicos deve poder ter acesso à oferta online disponível, e por sua vez, se os operadores físicos recorrerem ao online, encontrarão uma base de jogadores muito maior, onde as pessoas de idade média estão envolvidas muito mais baixas. Se somarmos as duas ofertas, temos a oportunidade de fazer cross-selling entre os dois canais, o que não só implica em benefícios comerciais, mas também em maximizar a experiência do usuário.
Acredito que a pandemia ajudou os operadores físicos a perceberem que o online é um aliado e não um inimigo, e estou confiante de que os próximos anos trarão mais evolução e progresso em direção ao omnichannel.
iGaming Brazil– Como a Vibra Gaming vê a possibilidade de que a lei de jogos e cassinos seja definitivamente aprovada no Brasil? Será positivo para todos? Que oportunidades a empresa vê neste mercado?
Ramiro Atucha – Acho sempre positivo que o jogo seja regulamentado. Estabelecer regras operacionais claras traz benefícios bem conhecidos e comprovados em muitos mercados: aumenta a proteção do jogador, aumenta a contribuição do nosso meio de entretenimento para as comunidades que o hospedam e obviamente diminui e às vezes até elimina o jogo clandestino.
Por essas razões, acho muito positivo que um mercado como o Brasil finalmente estabeleça uma regulação de acordo com sua indústria. Estamos nos preparando para o mercado brasileiro há muitos anos, com o qual aspiramos ser players muito importantes lá.
iGaming Brazil- Quais critérios você adota para o design e lançamento de seus novos produtos?
Ramiro Atucha – Sempre tentamos manter um portfólio de jogos equilibrado, dependendo do mercado ao qual estamos dando mais domínio no momento. Entendemos, e repetimos muitas vezes, que a América Latina não é um todo. É um continente com uma grande variedade de países, cada um com sua cultura, seu idioma e fundamentalmente com uma história diferente em relação ao jogo, com o qual procuramos desenvolver conteúdos que se ajustem à regulamentação e ao gosto do jogo brasileiro. Propomos o mesmo na Argentina, no Peru, na Colômbia e nos demais países em que atuamos.
Ao mesmo tempo, aspiramos ser um desenvolvedor de jogos presente em vários países ao redor do mundo, não exclusivamente na América Latina. Temos uma vasta experiência em jogos regulados na Europa devido a projetos anteriores, com os quais sabemos que podemos fazer jogos localizados, projetados na América Latina, mas ao mesmo tempo competitivos com jogos do mercado internacional.
iGaming Brazil – Como você vê o mundo dos games na situação atual? É um momento de desafios ou oportunidades?
Ramiro Atucha – Para quem sabe ler e interpretar os desafios, as oportunidades estão sempre implícitas. Você tem que trabalhar e pensar para transformar qualquer situação que surja como um desafio em uma oportunidade. Como exemplo, a pandemia foi um grande desafio para toda a indústria. Para aqueles que estavam preparados para capitalizar em jogos online, eles viram isso como uma grande oportunidade. No entanto, aqueles que não tinham um banco de dados de seus jogadores, nenhuma maneira de contatá-los e nenhuma plataforma que lhes oferecesse a oportunidade de continuar se divertindo em casa, definitivamente experimentaram isso como um problema.
Atualmente, acredito que o maior “desafio” do setor é a diversidade das regulamentações correspondentes a cada mercado, que nem sempre são compatíveis e muitas vezes são muito diferentes entre si. Embora fosse ideal que todas as jurisdições concordassem em implementar um padrão comum que todos os provedores pudessem cumprir, também é verdade que isso pode representar uma “oportunidade” na interpretação técnica desses regulamentos, a fim de possibilitar os jogos no diversos mercados.
iGaming Brazil – Quais são os planos da Vibra Gaming em termos de marketing ou estratégias de mercado para LATAM 2022 – 2027?
Ramiro Atucha – Vamos nos concentrar em continuar a manter nossa presença nos diferentes eventos, trabalhando lado a lado com operadores, reguladores e players para entender precisamente o que eles precisam, o que podemos contribuir, com olhos e ouvidos abertos para entender e aplicar em nossos desenvolvimentos. particularidades de cada mercado.
Por sua vez, é uma prioridade para nós continuarmos investindo no desenvolvimento de conteúdo localizado e em marcas específicas para cada um dos mercados em que atuamos. Foi o que fizemos com o Scratch-a-lot, onde conseguimos um conteúdo que está de acordo com o que a regulamentação brasileira permite. É um novo conceito de loteria instantânea que, à primeira vista, parece um produto de cassino, um caça-níqueis tradicional.
No entanto, apesar de oferecer uma experiência semelhante, o que foi feito neste desenvolvimento foi dar uma nova abordagem à loteria instantânea, abrindo assim uma nova janela de oportunidade para desenvolvedores e operadores de loterias. É um produto altamente inovador que nos dá uma grande vantagem em um mercado chave como o Brasil. Por sua vez, isso faz parte do investimento que fazemos constantemente em pesquisa e desenvolvimento.