A Comissão Disciplinar da Conmebol pediu um relatório a uma empresa parceira especializada em identificar fraude no esporte, a Sportradar, para ajudar na avaliação de uma solicitação do Cerro Porteño, do Paraguai, visando anular a partida de ida de oitavas de final da Libertadores da América contra o Fluminense.
O jogo foi realizado no dia 13 de julho em Assunção, no Paraguai. A partir da análise feita pela Sportradar, a vice-presidente da comissão, a venezuelana Amarilis Belisario, desconsiderou a reivindicação do time paraguaio e oficializou o resultado da partida (2 a 0) a favor do clube brasileiro. O Fluminense ganhou também o jogo de volta, 1 a 0, no Maracanã.
O Cerro exigiu um novo embate apontando que o gol anulado de maneira equivocada pela arbitragem, que contou com a interferência do VAR, impactou o fair play esportivo da disputa continental e prejudicou as finanças do clube, uma vez que a desclassificação ficou mais próxima.
As equipes de arbitragem de campo e de vídeo não enxergaram um atleta do Fluminense que validava o lance que resultou no gol do Cerro. Na partida, o gol paraguaio foi anulado devido à marcação de impedimento. Conforme o Portal Uol, os envolvidos na ação foram afastados pela Conmebol.
Na visão de Amarilis Belisario, acompanhando os termos do código disciplinar da Conmebol, a anulação do confronto aconteceria somente em três situações: utilização de jogador irregular, campo de jogo impraticável ou interferência de um oficial da partida que tivesse afetado o placar exclusivamente em casos de corrupção arbitral.
Descartando as condições 1 e 2, a vice-presidente da comissão se ateve a possibilidade 3 para analisar o caso. Por isso, ela solicitou ao Departamento de Integridade da Conmebol que entrasse em contato com a Sportradar para conferir a possibilidade de ter ocorrido manipulação de resultado, única forma, portanto em que aconteceria a anulação do jogo.
Relatório da Sportradar não apontou irregularidades na partida
“Tanto os mercados de apostas pré-jogo como ao vivo se comportaram de forma regular e não foram observadas apostas significativas prévias à anulação do mencionado gol. Não há indícios nas apostas observadas neste encontro para considerar que tenha sido manipulado com o fim de obtenção de lucro ilícito nos mercados de apostas esportivas”, diz o relatório da Sportradar.
Vale lembrar que a empresa é parceira desde 2017 da Conmebol, organização responsável pelas competições sul-americanas de futebol, com a missão de detectar possíveis casos de manipulação de resultados e irregularidades envolvendo clubes e seleções.
De acordo com o relatório, “caso os apostadores chegassem a ter conhecimento prévio do resultado final deste encontro, do primeiro tempo ou outros mercados derivados como por exemplo “primeiro gol”, teríamos observado fortes apostas em função a isso, não obstante, isto nunca ocorreu”.
O texto prosseguiu: “Por exemplo, as cotas a favor de uma vitória do Fluminense FC em mercados tanto de AHC como 1X2 estiveram sempre em um nível competitivo, em concordância com as expectativas marcadas pelo modelo matemático de Sportradar”.
Como o time paraguaio também não apresentou provas de que a marcação incorreta da arbitragem pudesse ter sido provocada por fraude, e se baseando na análise da Sportradar, Amarilis Belisario resolveu não aceitar a solicitação dos paraguaios e manteve a classificação do Fluminense para as quartas de final da Libertadores.
