A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) enviou uma solicitação de investigação sobre suposto caso de manipulação de resultados no jogo entre Madureira e Macaé, pela 10ª rodada da Taça Guanabara, no dia 17 de abril, do Campeonato Carioca. O dossiê com 20 páginas foi elaborado pela Sportradar.
O documento inclui jogadas da partida e atletas, indicando uma movimentação suspeita na quantidade de apostas segundo os lances do confronto. A empresa de tecnologia e dados esportivos fechou uma parceria da Ferj para monitorar variações estranhas do mercado de apostas relacionadas ao Campeonato Carioca.
A partir de agora, a apuração ficará a cargo da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). Conforme o GloboEsporte, o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro também recebeu uma cópia da documentação e vai analisar a situação.
Detalhes do relatório da Sportradar
A documentação contempla a chance de conhecimento prévio dos jogadores em lances do jogo. Por exemplo, ocorreu quantidade anormal de apostas referente a derrota por pelo menos dois gols do Macaé no primeiro tempo (a etapa inicial encerrou com o placar de 2 a 0), depois que o Madureira abriu o marcador nos primeiros minutos. O segundo tento aconteceu nos acrescimentos.
Outra questão presente no relatório diz respeito a quantidade de gols da partida. Os apostadores palpitaram – em número também acima do comum, segundo o dossiê da Sportradar – que haveria ao menos quatro tentos no fim do jogo – o Macaé empatou com dois gols feitos no começo do segundo tempo e o Madureira garantiu a vitória com gols aos 15 e aos 27 da etapa final.
Devido à falta de regulamentação das apostas esportivas no Brasil, casos suspeitos como esse ainda acontecem e acabam por ameaçar a integridade do esporte. A Sportradar, parceira da Ferj, é uma das empresas que mais coíbem essa prática ao redor do mundo. Em relação ao processo regulatório, a previsão do Governo Federal é concluir todas as etapas ainda neste ano.
Jogadores do Macaé protestaram antes do jogo contra salários atrasados
O elenco do Macaé realizou um protesto antes do jogo iniciar. Com salários atrasados há meses, os atletas permaneceram sentados no gramados por alguns segundos. O clube acabou caindo para a Série B do Carioca com somente um ponto conquistado durante a competição.
No momento da ação dos jogadores, a diretoria do Macaé emitiu uma nota oficial nas suas redes sociais: “A diretoria do clube respeita o posicionamento do nosso elenco que vem sendo prejudicado com a falta de treinamentos adequados! Nosso município e os circunvizinhos, devido a pandemia, proibiram o uso de campos e similares por decretos”.
O comunicado seguiu: “Enviamos ofício para a FERJ, que respondeu que deveríamos treinar em cidades que estivessem liberadas, porém o clube não recebeu, até o momento, nenhum pagamento referente às cotas de transmissão da TV, inviabilizando o pagamento das despesas com mudança de cidade durante a competição.
Nossos atletas estão prejudicados no aspecto técnico e também financeiro sem o sagrado direito de recebimento de salários (que o clube não tem condições de arcar sem recebimento da única fonte do recursos do campeonato) e tem todo o direito de protestar, até mesmo pela patente ausência de isonomia técnico-esportiva que afeta um clube que não pode treinar por motivo de força maior”.
